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Unicamp poluindo o Parque Hermógenes Leitão Filho, de novo!!

Reportagem recentemente publicada por Verzignasse (2014) no Correio Popular retoma a questão da poluição das águas no Parque Ecológico "Professor Hermógenes de Freitas Leitão Filho". A principal suspeita cai sobre a sua vizinha Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e a CETESB já solicitou da Unicamp a adoção de medidas imediatas como limpeza do local, aeração dos pontos críticos e medidas para cessar lançamentos indevidos.

Há 10 anos foram feitas as primeiras denúncias sobre o lançamento de esgoto e efluentes por parte da Unicamp nos açudes do Parque (SEVÁ FILHO, 2004, 2005), e há sete anos, os locais de lançamento foram identificados no Mapa de Riscos da Bacia do Ribeirão das Pedras (DAGNINO, 2007, p. 95-96).

A seguir reproduzo alguns trechos interessantes da reportagem do Correio Popular e dos trabalhos anteriores.

Recorte do mapa de riscos de Dagnino (2007) destacando o local de lançamento de esgoto da Unicamp 
[Mapa completo em: http://goo.gl/TisZqd]


O trabalho de Dagnino (2007, p. 95-96) indica no mapa de riscos o local de lançamento do esgoto da Unicamp e cita o levantamento realizado pelo professor e frequentador do Parque, Oswaldo Sevá Filho:

"A Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, possui diversas atividades que são suspeitas de poluir o açude maior do Parque Ecológico Hermógenes Leitão. Sobre isso vale lembrar que dos três cursos d’água que alimentam este açude dois passam por dentro da Unicamp. Um córrego nasce limpo no Rancho Isa e é poluído dentro da Unicamp, o outro já nasce comprometido pelo lançamento de esgoto do Parque das Universidades, próximo da PUC Campinas."

"As palavras de Sevá Fº. (2004, p. 4) exemplificam a dimensão e a potência do esgoto gerado na Unicamp: 'O esgoto da UNICAMP é composto pelo esgoto de tipo domiciliar de uma população flutuante estimada em 25 mil pessoas, mais o esgoto de tipo hospitalar e laboratorial, vindo da área médica, mais os esgotos de dezenas de oficinas, laboratórios, posto de combustíveis e serviços da frota de veículos, atividades de fabricação em pequena escala.'"

"Sobre isto, cabe lembrar que Unicamp não possui um sistema próprio de tratamento de esgoto e que, segundo Sevá Fº. (2004), a própria Unicamp reconheceu - em reunião no dia 4 de dezembro de 2003 com representantes da Unicamp, da SANASA, da CETESB e do Centro Boldrini - a existência de duas saídas de esgoto da Universidade para o açude (uma atrás da FEF e outra atrás do Correio). Assim, ficam evidenciados os motivos que levam a Unicamp a ser eleita a inimiga número um dos ambientalistas e protetores do Parque Ecológico."

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Captura de tela de trecho do video do Correio Popular (VERZIGNASSE, 2014)


A reportagem de Verzignasse (2014) vai ao local, coleta relatos de frequentadores, da Prefeitura e CETESB e faz imagens e videos (http://youtu.be/Hjx1zpMWinA). Os principais destaques são:

+ A Prefeitura admite que a lagoa está contaminada, há notícia recente de peixes mortos e cheiro insuportável. 

+ A artista plástica Giuliana de Fiori, chegou a fotografar a imagem de dezenas de peixes mortos na lagoa, no começo da semana e menciona que peixes mortos são retirados da lagoa e enterrados.

+ A Secretaria Municipal de Serviços Públicos determinou, oficialmente, que técnicos da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) vasculhem as redes coletoras do entorno, à procura de defeitos na rede ou da existência de pontos irregulares de coleta.

+ As suspeitas dos frequentadores recaem sobre a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que em meados da década passada já era acusada de direcionar para a lagoa do parque público parte do esgoto do campus.

+ A reitoria informou ontem que toma providências diante das denúncias de irregularidade, e garante que vai apresentar à Cetesb, ainda neste mês, seu plano de atuação e seu relatório de acompanhamento do caso. 

+ Na manhã do dia 5 de setembro, a reportagem do Correio Popular visitou o parque e encontrou servidores despejando na lagoa a água que vinha de um caminhão-tanque, estacionado do lado de fora do parque. Segundo o responsável pelo trabalho, a medida promove a "aeração" da lagoa. "Aumentamos a oxigenação da água e salvamos os peixes" , falou, sem se identificar. Já para usuários do parque a ação serve para maquiar o problema. "O fato é que ninguém resolve a questão da emissão clandestina de esgoto. [...] Essa lagoa cheira como o Tietê, nos piores dias." fala Tata de Fiori. 

== Depoimentos de moradores e frequentadores do Parque colhidos pelo Correio Popular:

Professor Edgard Bueno Júnior, morador de Barão desde 1983, o poder público precisa descobrir, urgentemente, onde estão os pontos clandestinos de emissão de esgoto.

"É lamentável caminhar no parque e ver, aqui do meu lado, a água turva, cinzenta" , afirma Gilberto Ramos, que também leciona na rede pública, conta que a situação se torna insustentável quando não chove: "Por volta das 11h, no dia quente e seco, ninguém aguenta o cheiro da lagoa. Assim, o povo vai fugir do parque" .

== CETESB

A Cetesb - Agência Ambiental de Campinas, informou, por nota oficial, que a última vistoria técnica na lagoa, no último dia 2, constatou a presença de peixes já mortos ou moribundos, aparentemente por falta de OD (oxigênio dissolvido) nas águas. 

Foram vistoriadas todas as saídas de águas pluviais afluentes ao reservatório e realizadas coletas amostras de água para análises laboratoriais
  
De acordo com a agência, todo efluente da universidade deve ser encaminhado para a estação de tratamento de esgoto (ETE) Barão Geraldo, operada pela Sanasa.

A própria agência solicitou da Unicamp a adoção de medidas imediatas como limpeza do local, aeração dos pontos críticos e medidas para cessar lançamentos indevidos.

Referências:

DAGNINO, Ricardo de Sampaio. Riscos ambientais na bacia hidrográfica do Ribeirão das Pedras, Campinas/São Paulo. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências. Orientador: Francisco Sérgio Bernardes Ladeira. Co-Orientador: Salvador Carpi Junior. Campinas, SP : [127p.+Anexos], 2007. http://ribeiraodaspedras.blogspot.com.br/2007/12/dissertao-de-mestrado.html

SEVÁ FILHO, A. Oswaldo. O problema da poluição do açude (“lago” do Parque Ecológico, vizinho ao campus da UNICAMP) no bairro Cidade Universitária II, distrito de Barão Geraldo, Campinas, S.P. Campinas: 2004. 15 p. http://www.ifch.unicamp.br/profseva/dossie_lagoUnicamp_minuta3_jun04.pdf


SEVÁ FILHO, A. Oswaldo. Cores do palmeirinha. Semana 3. Campinas, (Jun), 2005, p.8.


VERZIGNASSE, Rogério. Esgoto clandestino mata peixes no Parque Ecológico. Correio Popular, versão website 05/09/2014. Campinas, 2014. Disponível em: <http://goo.gl/6FMv0z>. Acesso em 9 set. 2014.

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