Pular para o conteúdo principal

Poluição Atmosférica em Campinas e Paulínia

Dados consultados na reportagem de Bruno Bacchetti (2014) no Correio Popular mostram a emissão de Dióxido de Carbono nos municípios da Região Metropolitana de Campinas a partir do Anuário Estatístico de Energéticos de São Paulo (2014).

As emissões estão em 10³ t/ano e referem-se à queima de combustíveis fósseis no ano de 2013.


Abaixo reproduzo a reportagem disponível no site do Correio Popular que infelizmente não traz os dados que estão na versão impressa.

Refinaria, carros, indústrias e muita poluição na RMC

Região Metropolitana de Campinas teve crescimento da emissão de carbono em 2013 e pode ter aumento da temperatura média nos próximos anos

05/10/2014 - 05h00 - Atualizado em 04/10/2014 - 22h20 | Bruno Bacchetti

Uma das áreas mais desenvolvidas do País, a Região Metropolitana de Campinas (RMC) paga o preço pelo alto grau de industrialização e elevada frota de veículos. Segundo o Anuário Estatístico de Energéticos 2013, divulgado pela Secretaria de Estado de Energia, a emissão de dióxido de carbono (CO²) derivada da queima combustíveis fósseis no ano passado foi de 6,835 milhões de toneladas, um ligeiro crescimento em comparação ao ano anterior, cuja emissão do poluente foi de 6,800 milhões de toneladas. Apesar do pequeno crescimento, a região foi na contramão do Estado, que registrou queda, passando de 86,711 milhões de toneladas em 2012 para 84,337 milhões de toneladas em 2013. O dióxido de carbono, ou gás carbônico, é o principal gás causador do efeito estufa e considerado um dos responsáveis pela elevação da temperatura do planeta.

As emissões de CO² foram calculadas com base nos coeficientes adotados pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), apresentados no Latin American Regional Workshop for Estimating National Greenhouse Gases Emissions, realizado em 1993 no Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). Foram considerados os seguintes combustíveis: gás natural, gasolina automotiva e de aviação, óleo diesel, óleo combustível, querosene iluminante e de aviação, GLP (gás liquefeito de petróleo), coque de petróleo e asfalto. Não foram computadas a emissão de dióxido de carbono resultante de queimadas e desmatamentos. Os setores de alumínio, cimento, papel e celulose, química, cal e vidro estão entre os maiores poluentes.
 
Além do crescimento na emissão de gás carbônico, a RMC tem duas cidades entre as 10 maiores emissoras de CO² de São Paulo: Campinas e Paulínia, que ocupam a quarta e quinta colocação estadual, respectivamente. Campinas emitiu no ano passado 2,371 milhões de toneladas de CO², enquanto Paulínia totalizou 1,448 milhões de toneladas do gás poluente, a maioria emitido por empresas como Replan e Rhodia. A boa notícia é que as duas cidades tiveram redução em comparação a 2012, junto a outros quatro municípios da RMC (Artur Nogueira, Cosmópolis, Pedreira e Valinhos).

Por outro lado, a caçula da região Morungaba apresentou o menor nível de emissão de dióxido de carbono (17,6 mil toneladas), seguido por Holambra (29,4 mil toneladas), Engenheiro Coelho (34,5 toneladas) e Artur Nogueira (47,0 mil toneladas). Para o físico Ennio Peres da Silva, especialista em fontes renováveis de energia e chefe do Laboratório de Hidrogênio da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o aumento na emissão de CO² é reflexo do trânsito cada vez mais carregado da região, somado ao crescente número de carros, motos, ônibus e caminhões. A indústria petroquímica de Paulínia também contribui para a expansão. “Devido ao sistema de transporte, com importantes rodovias e o aeroporto, tem um fluxo muito grande de veículos. No mesmo período a frota também cresceu, porque a RMC tem um poder aquisitivo acima da média. A atividade industrial não está crescendo de forma muito significativa, mas Paulínia tem uma singularidade, que é a quantidade de petróleo processada lá”, analisa Silva.

O pesquisador Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Cilmáticas Aplicados à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, afirma que o aumento na emissão de gás carbônico não traz efeitos imediatos, mas em algumas décadas pode elevar a temperatura da região. Silveira explica que nos últimos 100 anos a temperatura média de Campinas já foi influenciada pela emissão de CO². “Campinas já está com a temperatura mínima média dois graus acima da média de 1890 para cá, e durante a madrugada a temperatura está quase dois graus mais elevada. Isso porque houve emissão de CO2 em excesso nesse período”, analisa. Para o pesquisador, a redução da emissão de gás carbônico na atmosfera será atingido somente a longo prazo. “Isso não vai acontecer em um ou dois anos, mas a longo prazo uma saída é utilizar combustível alternativo, passando a usar a cana de açúcar”, finaliza Pinto.

Como alternativas para reduzir os gases poluentes na atmosfera, Ennio Peres Silva aponta a necessidade de reduzir a utilização de combustíveis fósseis e ao mesmo tempo ampliar o uso de etanol e biodiesel. “Temos três estratégias. Uma é reduzir o consumo de combustível, melhorando o trânsito e tirando os veículos velhos das ruas. A segunda é trocar os combustíveis fósseis por renováveis, como etanol e biodiesel, e existe uma terceira alternativa, que é o sequestro de carbono, mas não dá para fazer nos carros, somente em fontes fixas”, sugere.
 
SAIBA MAIS

O dióxido de carbono, ou gás carbônico, é um composto químico constituído por dois átomos de oxigênio e um átomo de carbono. O excesso de dióxido de carbono que atualmente é lançado para a atmosfera resulta da queima de combustíveis fósseis principalmente pelo setor industrial e de transporte, além de queimadas e desmatamento. A concentração de CO² na atmosfera começou a aumentar no final do século XVIII, quando ocorreu a Revolução Industrial, a qual demandou a utilização de grandes quantidades de carvão mineral e petróleo como fontes de energia.
 
Derivados de petróleo são os vilões

Produtora de diversos derivados do petróleo, a Replan é uma das maiores emissoras de gases geradores de efeito estufa do Estado de São Paulo, segundo o 1º Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa realizado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), que avaliou o período de 1990 a 2008. Passados seis anos do estudo pouca coisa mudou, uma vez que é necessário décadas para reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera.

“A refinaria de Paulínia tem uma termoelétrica que emite CO². Quanto maior a quantidade de petróleo processado, maior será a emissão de gás carbônico”, afirmou o físico Ennio Peres da Silva, especialista em fontes renováveis de energia e chefe do Laboratório de Hidrogênio da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A Replan informou, através da assessoria de imprensa, que mantém uma Comissão Interna de Conservação de Energia que acompanha os processos de refino buscando permanentemente identificar oportunidades de otimização de eficiência energética e, consequentemente, redução da queima de combustível e emissão de CO2. Paralelamente, a refinaria mantém um plano de investimento que incorpora novas tecnologias de elevada eficiência energética. A exemplo disso, foram investidos US$ 110 milhões na instalação de um turboexpansor, equipamento que gera 15 MW de energia elétrica sem a necessidade de queima de combustível.

Referências

BACCHETTI, Bruno. Refinaria, carros, indústrias e muita poluição na RMC. Correio Popular, 5 de outrubro de 2014, pág. A3. Disponível em: http://correio.rac.com.br/_conteudo/2014/10/capa/regiao_metropolitana/211494-refinaria-carros-industrias-e-muita-poluicao-na-rmc.html;. Acesso em 21 de setembro de 2015.

SÃO PAULO. Anuário Estatístico de Energéticos por município no Estado de São Paulo 2013. Secretaria de Energia, 2014. http://www.energia.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/619.pdf

-=-=-=-

Mais sobre poluição atmosférica na Região de Campinas:

http://ribeiraodaspedras.blogspot.com.br/2013/06/reportagem-sobre-poluicao-atmosferica.html

Comentários

Anônimo disse…
Olá, eu precisava fazer um comentário/desabafo sobre uma "nova" poluição que sofre o córrego, no parque linear. A sanasa canalizou o esgoto dos novos condomínios (le monde, etc) para as galerias de água pluvial que o shopping dom pedro fez (duas antes da saída da estação de tratamento de esgoto). Corre a céu aberto entre as pontes, e pelo visto só tende a piorar. Vou pesquisar com outras pessoas o que fazer a respeito. Abraço.

Postagens mais visitadas deste blog

Estudo de Impacto Ambiental - Loteamento Reserva Dom Pedro

Título: Estudo de Impacto Ambiental - Loteamento Reserva Dom Pedro Autor: Ricardo de Sampaio Dagnino Data: 31/05/2023 - Atualizado em 20/12/2023 Publicado em: https://ribeiraodaspedras.blogspot.com/ Atenção: o loteamento cujos estudos foram iniciados em 2010 está sendo desenvolvido agora em 2023 com o nome fantasia de Parque Alphaville Campinas. As informações do site  https://parquealphavillecampinas.com.br/ indicam que "O Loteamento Reserva Dom Pedro, comercialmente denominado como Parque Alphaville Campinas, encontra-se registrado sob o R.13, em 04/09/2023, na matrícula e 145.226, do Cartório de Registro de Imóveis – 2º Oficial de Registro de Imóveis Circunscrição da Comarca de Campinas – SP, com previsão máxima de 5 mil unidades."  Ele está sendo vendido como uma oportunidade de "lazer e qualidade de vida para quem está dentro. transformação e oportunidades para quem está fora.". Dentre as características atrativas estão "um parque linear com 3km de extens

Onça capturada em Barão Geraldo, Campinas - Bacia do Ribeirão das Pedras

Uma onça parda, também conhecida como Suçuarana, foi encontrada na quarta-feira (24/06/09) dentro do condomínio Rio das Pedras, dentro da Bacia do Ribeirão das Pedras, no Distrito de Barão Gerlado, Campinas/SP. Segundo reportagem da CBN Campinas, ela estava tentando se adaptar fora de seu habitat natural, tendo sido expulsa do seu habitat em função do avanço da urbanização. E de acordo com a ANDA, quando os seguranças avistaram a onça ela foi se esconder nas proximidades do açude do Condomínio. Na imagem de satélite pode-se perceber como os condomínios ainda são cercados de áreas verdes, remanescentes florestais de um passado pré-ocupação e urbanização da área. View Condomínio Rio das Pedras e Condomínio Barão do Café in a larger map Segundo a Agência de Notícias de Direitos Animais ( ANDA ) ela foi sedada e levada para o Parque Ecológico de Paulínia (onde serão colocados rastreadores que permitirão que ela seja monitorada via satélite). Depois disso ela será solt

Loteamento Reserva Dom Pedro 2023 - Parque Alphaville Campinas

  O Loteamento Reserva Dom Pedro é um projeto de uso misto habitacional e comercial que está sendo estudado desde 2010 e que parece que agora em 2023 vai sair do papel com o nome fantasia de Parque Alphaville Campinas.  As informações do site   https://parquealphavillecampinas.com.br/  indicam que "O Loteamento Reserva Dom Pedro, comercialmente denominado como Parque Alphaville Campinas, encontra-se registrado sob o R.13, em 04/09/2023, na matrícula e 145.226, do Cartório de Registro de Imóveis – 2º Oficial de Registro de Imóveis Circunscrição da Comarca de Campinas – SP, com previsão máxima de 5 mil unidades."  Ele está sendo vendido como uma oportunidade de "lazer e qualidade de vida para quem está dentro. transformação e oportunidades para quem está fora.". Dentre as características atrativas estão "um parque linear com 3km de extensão. mais de meio milhão de m² de áreas verdes." Concepção urbanística: Jaime Lerner; Consultoria urbanística: DRTZ; Projet