Dados consultados na reportagem de Bruno Bacchetti (2014) no Correio Popular mostram a emissão de Dióxido de Carbono nos municípios da Região Metropolitana de Campinas a partir do Anuário Estatístico de Energéticos de São Paulo (2014).
As emissões estão em 10³ t/ano e referem-se à queima de combustíveis fósseis no ano de 2013.
Abaixo reproduzo a reportagem disponível no site do Correio Popular que infelizmente não traz os dados que estão na versão impressa.
As emissões de CO² foram calculadas com base nos coeficientes adotados pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), apresentados no Latin American Regional Workshop for Estimating National Greenhouse Gases Emissions, realizado em 1993 no Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). Foram considerados os seguintes combustíveis: gás natural, gasolina automotiva e de aviação, óleo diesel, óleo combustível, querosene iluminante e de aviação, GLP (gás liquefeito de petróleo), coque de petróleo e asfalto. Não foram computadas a emissão de dióxido de carbono resultante de queimadas e desmatamentos. Os setores de alumínio, cimento, papel e celulose, química, cal e vidro estão entre os maiores poluentes.
Por outro lado, a caçula da região Morungaba apresentou o menor nível de emissão de dióxido de carbono (17,6 mil toneladas), seguido por Holambra (29,4 mil toneladas), Engenheiro Coelho (34,5 toneladas) e Artur Nogueira (47,0 mil toneladas). Para o físico Ennio Peres da Silva, especialista em fontes renováveis de energia e chefe do Laboratório de Hidrogênio da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o aumento na emissão de CO² é reflexo do trânsito cada vez mais carregado da região, somado ao crescente número de carros, motos, ônibus e caminhões. A indústria petroquímica de Paulínia também contribui para a expansão. “Devido ao sistema de transporte, com importantes rodovias e o aeroporto, tem um fluxo muito grande de veículos. No mesmo período a frota também cresceu, porque a RMC tem um poder aquisitivo acima da média. A atividade industrial não está crescendo de forma muito significativa, mas Paulínia tem uma singularidade, que é a quantidade de petróleo processada lá”, analisa Silva.
O pesquisador Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Cilmáticas Aplicados à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, afirma que o aumento na emissão de gás carbônico não traz efeitos imediatos, mas em algumas décadas pode elevar a temperatura da região. Silveira explica que nos últimos 100 anos a temperatura média de Campinas já foi influenciada pela emissão de CO². “Campinas já está com a temperatura mínima média dois graus acima da média de 1890 para cá, e durante a madrugada a temperatura está quase dois graus mais elevada. Isso porque houve emissão de CO2 em excesso nesse período”, analisa. Para o pesquisador, a redução da emissão de gás carbônico na atmosfera será atingido somente a longo prazo. “Isso não vai acontecer em um ou dois anos, mas a longo prazo uma saída é utilizar combustível alternativo, passando a usar a cana de açúcar”, finaliza Pinto.
Como alternativas para reduzir os gases poluentes na atmosfera, Ennio Peres Silva aponta a necessidade de reduzir a utilização de combustíveis fósseis e ao mesmo tempo ampliar o uso de etanol e biodiesel. “Temos três estratégias. Uma é reduzir o consumo de combustível, melhorando o trânsito e tirando os veículos velhos das ruas. A segunda é trocar os combustíveis fósseis por renováveis, como etanol e biodiesel, e existe uma terceira alternativa, que é o sequestro de carbono, mas não dá para fazer nos carros, somente em fontes fixas”, sugere.
“A refinaria de Paulínia tem uma termoelétrica que emite CO². Quanto maior a quantidade de petróleo processado, maior será a emissão de gás carbônico”, afirmou o físico Ennio Peres da Silva, especialista em fontes renováveis de energia e chefe do Laboratório de Hidrogênio da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A Replan informou, através da assessoria de imprensa, que mantém uma Comissão Interna de Conservação de Energia que acompanha os processos de refino buscando permanentemente identificar oportunidades de otimização de eficiência energética e, consequentemente, redução da queima de combustível e emissão de CO2. Paralelamente, a refinaria mantém um plano de investimento que incorpora novas tecnologias de elevada eficiência energética. A exemplo disso, foram investidos US$ 110 milhões na instalação de um turboexpansor, equipamento que gera 15 MW de energia elétrica sem a necessidade de queima de combustível.
Referências
BACCHETTI, Bruno. Refinaria, carros, indústrias e muita poluição na RMC. Correio Popular, 5 de outrubro de 2014, pág. A3. Disponível em: http://correio.rac.com.br/_conteudo/2014/10/capa/regiao_metropolitana/211494-refinaria-carros-industrias-e-muita-poluicao-na-rmc.html;. Acesso em 21 de setembro de 2015.
SÃO PAULO. Anuário Estatístico de Energéticos por município no Estado de São Paulo 2013. Secretaria de Energia, 2014. http://www.energia.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/619.pdf
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Mais sobre poluição atmosférica na Região de Campinas:
http://ribeiraodaspedras.blogspot.com.br/2013/06/reportagem-sobre-poluicao-atmosferica.html
As emissões estão em 10³ t/ano e referem-se à queima de combustíveis fósseis no ano de 2013.
Abaixo reproduzo a reportagem disponível no site do Correio Popular que infelizmente não traz os dados que estão na versão impressa.
Refinaria, carros, indústrias e muita poluição na RMC
Região Metropolitana de Campinas teve crescimento da emissão de carbono em 2013 e pode ter aumento da temperatura média nos próximos anos
05/10/2014 - 05h00 - Atualizado em 04/10/2014 - 22h20 | Bruno Bacchetti
Uma das áreas mais desenvolvidas do País, a Região Metropolitana de Campinas (RMC) paga o preço pelo alto grau de industrialização e elevada frota de veículos. Segundo o Anuário Estatístico de Energéticos 2013, divulgado pela Secretaria de Estado de Energia, a emissão de dióxido de carbono (CO²) derivada da queima combustíveis fósseis no ano passado foi de 6,835 milhões de toneladas, um ligeiro crescimento em comparação ao ano anterior, cuja emissão do poluente foi de 6,800 milhões de toneladas. Apesar do pequeno crescimento, a região foi na contramão do Estado, que registrou queda, passando de 86,711 milhões de toneladas em 2012 para 84,337 milhões de toneladas em 2013. O dióxido de carbono, ou gás carbônico, é o principal gás causador do efeito estufa e considerado um dos responsáveis pela elevação da temperatura do planeta.
As emissões de CO² foram calculadas com base nos coeficientes adotados pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), apresentados no Latin American Regional Workshop for Estimating National Greenhouse Gases Emissions, realizado em 1993 no Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). Foram considerados os seguintes combustíveis: gás natural, gasolina automotiva e de aviação, óleo diesel, óleo combustível, querosene iluminante e de aviação, GLP (gás liquefeito de petróleo), coque de petróleo e asfalto. Não foram computadas a emissão de dióxido de carbono resultante de queimadas e desmatamentos. Os setores de alumínio, cimento, papel e celulose, química, cal e vidro estão entre os maiores poluentes.
Além do crescimento na emissão de gás carbônico, a RMC tem duas cidades entre as 10 maiores emissoras de CO² de São Paulo: Campinas e Paulínia, que ocupam a quarta e quinta colocação estadual, respectivamente. Campinas emitiu no ano passado 2,371 milhões de toneladas de CO², enquanto Paulínia totalizou 1,448 milhões de toneladas do gás poluente, a maioria emitido por empresas como Replan e Rhodia. A boa notícia é que as duas cidades tiveram redução em comparação a 2012, junto a outros quatro municípios da RMC (Artur Nogueira, Cosmópolis, Pedreira e Valinhos).
Por outro lado, a caçula da região Morungaba apresentou o menor nível de emissão de dióxido de carbono (17,6 mil toneladas), seguido por Holambra (29,4 mil toneladas), Engenheiro Coelho (34,5 toneladas) e Artur Nogueira (47,0 mil toneladas). Para o físico Ennio Peres da Silva, especialista em fontes renováveis de energia e chefe do Laboratório de Hidrogênio da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o aumento na emissão de CO² é reflexo do trânsito cada vez mais carregado da região, somado ao crescente número de carros, motos, ônibus e caminhões. A indústria petroquímica de Paulínia também contribui para a expansão. “Devido ao sistema de transporte, com importantes rodovias e o aeroporto, tem um fluxo muito grande de veículos. No mesmo período a frota também cresceu, porque a RMC tem um poder aquisitivo acima da média. A atividade industrial não está crescendo de forma muito significativa, mas Paulínia tem uma singularidade, que é a quantidade de petróleo processada lá”, analisa Silva.
O pesquisador Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Cilmáticas Aplicados à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, afirma que o aumento na emissão de gás carbônico não traz efeitos imediatos, mas em algumas décadas pode elevar a temperatura da região. Silveira explica que nos últimos 100 anos a temperatura média de Campinas já foi influenciada pela emissão de CO². “Campinas já está com a temperatura mínima média dois graus acima da média de 1890 para cá, e durante a madrugada a temperatura está quase dois graus mais elevada. Isso porque houve emissão de CO2 em excesso nesse período”, analisa. Para o pesquisador, a redução da emissão de gás carbônico na atmosfera será atingido somente a longo prazo. “Isso não vai acontecer em um ou dois anos, mas a longo prazo uma saída é utilizar combustível alternativo, passando a usar a cana de açúcar”, finaliza Pinto.
Como alternativas para reduzir os gases poluentes na atmosfera, Ennio Peres Silva aponta a necessidade de reduzir a utilização de combustíveis fósseis e ao mesmo tempo ampliar o uso de etanol e biodiesel. “Temos três estratégias. Uma é reduzir o consumo de combustível, melhorando o trânsito e tirando os veículos velhos das ruas. A segunda é trocar os combustíveis fósseis por renováveis, como etanol e biodiesel, e existe uma terceira alternativa, que é o sequestro de carbono, mas não dá para fazer nos carros, somente em fontes fixas”, sugere.
SAIBA MAIS
O dióxido de carbono, ou gás carbônico, é um composto químico constituído por dois átomos de oxigênio e um átomo de carbono. O excesso de dióxido de carbono que atualmente é lançado para a atmosfera resulta da queima de combustíveis fósseis principalmente pelo setor industrial e de transporte, além de queimadas e desmatamento. A concentração de CO² na atmosfera começou a aumentar no final do século XVIII, quando ocorreu a Revolução Industrial, a qual demandou a utilização de grandes quantidades de carvão mineral e petróleo como fontes de energia.
O dióxido de carbono, ou gás carbônico, é um composto químico constituído por dois átomos de oxigênio e um átomo de carbono. O excesso de dióxido de carbono que atualmente é lançado para a atmosfera resulta da queima de combustíveis fósseis principalmente pelo setor industrial e de transporte, além de queimadas e desmatamento. A concentração de CO² na atmosfera começou a aumentar no final do século XVIII, quando ocorreu a Revolução Industrial, a qual demandou a utilização de grandes quantidades de carvão mineral e petróleo como fontes de energia.
Derivados de petróleo são os vilões
Produtora de diversos derivados do petróleo, a Replan é uma das maiores emissoras de gases geradores de efeito estufa do Estado de São Paulo, segundo o 1º Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa realizado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), que avaliou o período de 1990 a 2008. Passados seis anos do estudo pouca coisa mudou, uma vez que é necessário décadas para reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera.
Produtora de diversos derivados do petróleo, a Replan é uma das maiores emissoras de gases geradores de efeito estufa do Estado de São Paulo, segundo o 1º Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa realizado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), que avaliou o período de 1990 a 2008. Passados seis anos do estudo pouca coisa mudou, uma vez que é necessário décadas para reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera.
“A refinaria de Paulínia tem uma termoelétrica que emite CO². Quanto maior a quantidade de petróleo processado, maior será a emissão de gás carbônico”, afirmou o físico Ennio Peres da Silva, especialista em fontes renováveis de energia e chefe do Laboratório de Hidrogênio da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A Replan informou, através da assessoria de imprensa, que mantém uma Comissão Interna de Conservação de Energia que acompanha os processos de refino buscando permanentemente identificar oportunidades de otimização de eficiência energética e, consequentemente, redução da queima de combustível e emissão de CO2. Paralelamente, a refinaria mantém um plano de investimento que incorpora novas tecnologias de elevada eficiência energética. A exemplo disso, foram investidos US$ 110 milhões na instalação de um turboexpansor, equipamento que gera 15 MW de energia elétrica sem a necessidade de queima de combustível.
Referências
BACCHETTI, Bruno. Refinaria, carros, indústrias e muita poluição na RMC. Correio Popular, 5 de outrubro de 2014, pág. A3. Disponível em: http://correio.rac.com.br/_conteudo/2014/10/capa/regiao_metropolitana/211494-refinaria-carros-industrias-e-muita-poluicao-na-rmc.html;. Acesso em 21 de setembro de 2015.
SÃO PAULO. Anuário Estatístico de Energéticos por município no Estado de São Paulo 2013. Secretaria de Energia, 2014. http://www.energia.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/619.pdf
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Mais sobre poluição atmosférica na Região de Campinas:
http://ribeiraodaspedras.blogspot.com.br/2013/06/reportagem-sobre-poluicao-atmosferica.html
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